Okanbi sublinha a importância de reconhecer e respeitar a separação hierárquica e interpretativa entre o oráculo de Ocha (Diloggun), usado pelos Olorichás (Santeros), e o oráculo de Ifá, usado pelos Babalawos. A tentativa de fundir ou subordinar o Diloggun a Ifá é considerada uma forma de ignorância e desrespeito às regras estabelecidas por Olofin.
I. A Separação Instituída por Olofin
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Oráculos Distintos: Existem dois oráculos distintos e reconhecidos: o Diloggun (onde os búzios falam) e o Ifá (onde o Opele ou os Ikin falam).
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Proibição de Intervenção: Okanbi reforça que os Babalawos não devem intervir na adivinhação do Diloggun durante uma cerimónia de Ocha, pois Olofin diferenciou os dois oráculos.
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Diferenças Abismais: O Diloggun e o Ifá falam de maneiras totalmente diferentes, tanto na forma como são lançados, nos procedimentos de consulta ("pedir a mão") e, crucialmente, na ordem hierárquica dos Odus (signos).
II. Hierarquia dos Odus: A Prova da Diferença
A ordem hierárquica dos Odus comprova que a utilização das letras de Ifá para estudar ou interpretar o Diloggun é logicamente incorreta, sendo apenas um sintoma de desinformação.
III. O Respeito pelas Tradições e a Crítica ao Comércio
Okanbi uso o exemplo da cultura afro-brasileira para ilustrar que ser diferente não é o mesmo que ser invenção; no entanto, condeno veementemente a má-fé e a mistura pela manipulação:
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Exemplo Positivo: As tradições afro-brasileiras mantêm práticas (como coroar santos que são tabu em Havana) que, embora diferentes, são legítimas dentro dos Seus critérios.
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A Crítica Ética: O que é inaceitável é que pessoas não consagradas ou sem conhecimento adequado "queiram impor novos critérios, apenas para terem lucro e poderem fazer um comércio da religião".
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Dever Sacerdotal: Okanbi conclui que é dever dos membros das antigas tradições zelar para que a imagem da religião não seja manchada por indivíduos que se comportam de forma anti-ética e que fazem misturas indevidas.
