Oggún é o Orichá do ferro, da guerra, da tecnologia e da força. Ele é uma figura central na religião Iorubá, com uma missão de luta e sacrifício. A sua natureza é de força bruta, mas também está profundamente ligada aos mistérios da feitiçaria e do mundo espiritual.
I. Função e Natureza
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Ochogun (Sacrificador): A sua missão mais importante é ser o Ochogun (sacrificador) de todos os Orichás. É ele quem, com a sua faca, sacrifica os animais e derrama o sangue (aché) que alimenta e vitaliza as outras divindades. Todo o sangue derramado primeiro cruza por Oggún.
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Guerra e Destruição: A sua palavra significa "guerra e destruição". É um guerreiro agressivo, comparável a Changó (Xangô).
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Domínio do Ferro: Nasce das entranhas da terra, pois é o ferro e os metais.
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Dualidade: Representa tanto a tecnologia e o trabalho (metais, ferramentas, medicina) quanto o espírito bom ou mau (feitiçaria e mistérios).
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Mundo Espiritual: É um Orichá de Ilé Ocu (Casa dos Mortos) e tem grande afinidade com os Egguns (espíritos).
II. Mitologia: A Maldição de Oggún
A história de Oggún é marcada por um profundo conflito com a sua família:
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Ofensa à Mãe: Oggún cometeu graves ofensas à sua mãe, Yembó (um caminho de Yemanjá).
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A Maldição Autoimposta: Antecipando a maldição de Obatalá, Oggún amaldiçoou-se a si próprio, jurando não dormir nem de dia, nem de noite até que o mundo acabe com as injustiças.
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Visão das Mulheres: A sua experiência fez com que ele considerasse todas as mulheres iguais (incluindo a sua própria mãe).
III. Relações Amorosas e Coabitação
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Yemanjá: Teve amores com Yemanjá, que o ensinou a arte do amor. O motivo para ele considerar todas as mulheres iguais é o facto de Yemanjá ser a sua mãe no caminho de Yembó.
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Oyá Iansá: A sua esposa é Oyá Iansá, cujo amor ele ganhou ao lutar contra Changó.
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Coabitação Ritual: Por ordem de Obatalá, Oggún vive na Terra com Ochosi (Oxóssi), ao lado da porta de entrada da casa. O objetivo é afastar o mal, daí a saudação "Mafarefun Oggún" (Glória a Oggún).
