Nanã Burukú é uma das divindades mais antigas e menos conhecidas da Santeria, simbolizando o tempo e as origens da vida. Ela é um dos caminhos ancestrais de Yembó (um caminho de Odduá e Yemanjá), tendo vindo da terra Arará de Asowuano (Azowano, associado à doença).
I. Significado, Antiguidade e Poder
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Mãe das Águas Doces: Nanã é conhecida como Iya Omi Oni (Mãe das águas doces). Esta é a chave para desfazer a confusão de que Oxum (Ochún) é a mãe das águas doces: Oxum é a dona das águas doces, mas Nanã é a mãe que as criou.
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Mãe de Oxum: Nanã Burukú é a verdadeira mãe de Oxum (Yalorde) neste caminho da vida de Yembó/Yemanjá.
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Antiguidade: Os Lucumies (povo Iorubá) reconheceram que esta Orichá é tão antiga quanto o próprio tempo.
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A Lua (Buruku): A palavra Buruku significa lua. Este astro ilumina a Terra à noite, afastando o sombrio. Nanã manifesta-se através da lua e dá luz aos Seus filhos para que nunca percam o rumo na vida.
II. A Relação com Oggún e as Proibições
A história de Nanã está ligada ao ressentimento em relação a Oggún, devido ao desrespeito que ele teve quando ela se manifestava como Yembó:
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O Desrespeito de Oggún: O caminho de Nanã nasce pelas más atitudes e abusos de Oggún para com Yembó.
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Proibição do Ferro: Devido a este conflito (e ao facto de Oggún ser o ferreiro e sacrificador), Nanã não suporta Oggún. Ela mata os Seus animais com uma faca de cana de bambu, e não com a faca de ferro de Oggún.
III. O Culto de Nanã e a Sua Rara Manifestação
O culto a Nanã Burukú é complexo e secreto, sendo poucos os iniciados que a recebem:
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Segredo e Cerimónias: São muito poucos os Iguaros (sacerdotes) que a conhecem. As Suas cerimónias assemelham-se às de Asowuano (Azowano, associado à Terra Arará).
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Manifestação no Diloggun: Nanã manifesta-se e decide quem é Seu filho através dos seguintes oddus (signos de Ifá) no Diloggun (jogo de búzios): 10-10, 10-14, 14-14, 1-10 e 1-14.
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O Trono de Nanã: O padrinho deve preparar o trono de Nanã antes de ir ao monte e ao rio, usando:
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Cores: Branco, com detalhes em azul-claro, seda colorida e prateados.
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Decoração: Uma cortina de maribo (palha enrolada) é colocada para afastar Eguns (espíritos).
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Bandeiras: Bandeiras de Obatalá, Yemanjá, Ochún e Changó.
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