Dilóggun e Ifá

A Distinção Hierárquica e Ritual: Diloggun (Ocha) vs. Ifá.

Okanbi sublinha a importância de reconhecer e respeitar a separação hierárquica e interpretativa entre o oráculo de Ocha (Diloggun), usado pelos Olorichás (Santeros), e o oráculo de Ifá, usado pelos Babalawos. A tentativa de fundir ou subordinar o Diloggun a Ifá é considerada uma forma de ignorância e desrespeito às regras estabelecidas por Olofin.

 

I. A Separação Instituída por Olofin

  • Oráculos Distintos: Existem dois oráculos distintos e reconhecidos: o Diloggun (onde os búzios falam) e o Ifá (onde o Opele ou os Ikin falam).

  • Proibição de Intervenção: Okanbi reforça que os Babalawos não devem intervir na adivinhação do Diloggun durante uma cerimónia de Ocha, pois Olofin diferenciou os dois oráculos.

  • Diferenças Abismais: O Diloggun e o Ifá falam de maneiras totalmente diferentes, tanto na forma como são lançados, nos procedimentos de consulta ("pedir a mão") e, crucialmente, na ordem hierárquica dos Odus (signos).

 

II. Hierarquia dos Odus: A Prova da Diferença

A ordem hierárquica dos Odus comprova que a utilização das letras de Ifá para estudar ou interpretar o Diloggun é logicamente incorreta, sendo apenas um sintoma de desinformação.

Oráculo de Ocha (Diloggun) Oráculo de Ifá
Okana (1) Ogbe (1)
Eyioko (2) Oyekun (2)
Oggunda (3) Iwori (3)
Iroso (4) Oddi (4)
Oshé (5) Iroso (5)
Obbara (6) Ojuani (6)
Oddi (7) Obbara (7)
Unle (8) Okana (8)
Osa (9) Oggunda (9)
Ofun (10) Osa (10)
Ojuani (11) Ika (11)
Eyilá (12) Otrupon (12)
Metanlá (13) Otura (13)
Merinlá (14) Irete (14)
Marunlá (15) Oshé (15)
Meridilogun (16) Ofun (16)

 

III. O Respeito pelas Tradições e a Crítica ao Comércio

Okanbi uso o exemplo da cultura afro-brasileira para ilustrar que ser diferente não é o mesmo que ser invenção; no entanto, condeno veementemente a má-fé e a mistura pela manipulação:

  • Exemplo Positivo: As tradições afro-brasileiras mantêm práticas (como coroar santos que são tabu em Havana) que, embora diferentes, são legítimas dentro dos Seus critérios.

  • A Crítica Ética: O que é inaceitável é que pessoas não consagradas ou sem conhecimento adequado "queiram impor novos critérios, apenas para terem lucro e poderem fazer um comércio da religião".

  • Dever Sacerdotal: Okanbi conclui que é dever dos membros das antigas tradições zelar para que a imagem da religião não seja manchada por indivíduos que se comportam de forma anti-ética e que fazem misturas indevidas.

 

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